Denúncia ocorre em meio à posse de Luiz Eduardo Baptista como presidente do Flamengo e levanta novas controvérsias envolvendo dirigentes do clube
Introdução:
O Flamengo enfrenta mais uma turbulência política. José Carlos Isidro Pereira, o “Peruano”, conselheiro do clube e ex-candidato à presidência, foi denunciado pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) nesta quarta-feira (18) por mensagens homofóbicas contra o presidente eleito Luiz Eduardo Baptista, o Bap. Em entrevista à equipe de reportagem do FLA VOZ, Peruano negou as acusações de forma veemente, alegando motivação política na denúncia. Ele também afirmou que outras declarações semelhantes feitas por aliados de Bap no passado não tiveram o mesmo tratamento.
Os Fatos Apurados:
A denúncia foi apresentada pela 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada. Segundo o MPRJ, Peruano é acusado de incitação criminosa, racismo e injúria racial. As mensagens, enviadas em áudio no dia 8 de outubro de 2024, foram compartilhadas por redes sociais e grupos de WhatsApp com outros conselheiros do clube.
“José Carlos Isidro Pereira, o ‘Peruano’, proferiu mensagens injuriosas, ameaçadoras, homofóbicas, preconceituosas e discriminatórias a respeito de Luiz Eduardo Baptista, todas amplamente divulgadas nas redes sociais. Tais práticas ofenderam a dignidade da vítima em razão de sua suposta orientação sexual”, afirma a nota do MPRJ.
A Promotoria também solicitou à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) que inicie investigações para apurar se o conselheiro possui histórico de manifestações similares.
O Que Disse Peruano:
Procurado pela equipe do FLA VOZ, Peruano não se furtou a comentar o caso. Ele destacou que, em sua visão, a denúncia é uma retaliação política, especialmente porque ele integrou a chapa de oposição liderada por Rodrigo Dunshee.
“Meu advogado largou o caso porque recebeu uma proposta para integrar a diretoria da nova gestão, liderada por Bap. Isso mostra que tudo isso tem a ver com política. Além disso, um conselheiro da base de apoio ao presidente, o Bodão, já fez declarações semelhantes nas redes sociais em 2013 e ninguém tomou providências contra ele. O que está acontecendo comigo é perseguição”, afirmou Peruano.
Ele também citou que Bodão, em 4 de julho de 2013, publicou em suas redes sociais uma mensagem com termos homofóbicos contra o mesmo dirigente, então em outra função no clube. A reportagem tentou entrar em contato com Bodão, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria.
Sobre o vídeo que originou a denúncia, Peruano foi direto:
“O que foi dito, foi dito. Não vou me esquivar do que falei, mas é evidente que isso tudo será resolvido nos tribunais.”
Outros Envolvidos e Reações:
A equipe de reportagem também procurou outros conselheiros e sócios do Flamengo que participavam dos grupos de WhatsApp onde o vídeo circulou. Alguns preferiram não se pronunciar, enquanto outros pediram que seus nomes fossem mantidos em sigilo.
Entre os torcedores, o caso gerou grande repercussão nas redes sociais. Enquanto parte da torcida exige que as acusações de homofobia sejam investigadas e punidas com rigor, outros veem o episódio como uma distração para questões mais graves dentro do clube.
Um Caso Dentro do Outro:
Ainda durante a entrevista, Peruano trouxe à tona outro episódio polêmico que, segundo ele, estaria sendo ofuscado pela denúncia contra ele. Trata-se do histórico de Edson Figueiredo Menezes, atual vice-presidente de esportes olímpicos e remo, que foi preso em 2018 sob suspeita de participação em um esquema de suborno relacionado ao leilão do Banco do Estado do Rio de Janeiro (Berj), ocorrido durante o governo de Sérgio Cabral.
“Por que isso não está sendo discutido pela imprensa ou entre os conselheiros?”, questionou Peruano. “Estão criando uma cortina de fumaça para encobrir o fato de que uma pessoa com esse passado foi eleita para um cargo na nova gestão. Isso coloca em cheque os valores e as propostas de ética e transparência que o Bap tanto pregou durante sua campanha.”
Na época, Menezes teve sua prisão decretada pelo juiz Marcelo Bretas, mas foi libertado após decisão do ministro Gilmar Mendes, do STF, que considerou insuficientes os indícios apresentados. Em março deste ano, a 2ª turma do STF concluiu que a prisão foi decretada de forma ilegal. Mesmo assim, o retorno de Menezes à diretoria do Flamengo reacendeu debates entre torcedores sobre ética na administração do clube.
A Posição da Torcida:
Os dois casos trouxeram reações divididas entre os torcedores. De um lado, muitos defendem que as acusações de homofobia contra Peruano sejam investigadas e, caso comprovadas, punidas com o rigor necessário. Por outro lado, há quem veja as denúncias como parte de um jogo político que estaria desviando a atenção de questões mais graves envolvendo a nova gestão.
A torcida rubro-negra, sempre atenta e apaixonada, exige que os fatos sejam apurados com transparência e que os valores do Flamengo como instituição sejam preservados. A expectativa é de que as denúncias sejam analisadas com seriedade, garantindo justiça e ética, independentemente dos envolvidos.