Apesar de tentarem usar o prestígio do Flamengo como impulso político, Marcos Braz e Cacau Cotta enfrentaram derrotas expressivas nas eleições de 2024. A confiança da “nação rubro-negra” foi abalada, mostrando que apenas o nome do clube não basta para garantir sucesso nas urnas.
Introdução
Marcos Braz e Cacau Cotta, dois dirigentes do Flamengo, tentaram usar o prestígio do clube para alcançar sucesso nas eleições municipais de 2024 no Rio de Janeiro. Ambos, no entanto, fracassaram. Mesmo com a grande popularidade do Flamengo, os dois descobriram que a torcida rubro-negra, quando se trata de política, espera mais do que simples associações ao clube. O resultado das urnas revelou que a confiança da torcida em seus dirigentes estava abalada, especialmente após uma temporada de altos e baixos do time.
Marcos Braz: Entre a arrogância e o desgaste
Marcos Braz, vice-presidente de futebol do Flamengo, teve uma ascensão impressionante em sua carreira política em 2020, quando surfou na onda de títulos do clube para conquistar uma das maiores votações entre os vereadores do Rio de Janeiro, com 40.938 votos. No entanto, em 2024, a situação mudou drasticamente. Com o Flamengo vivendo um momento de crise esportiva, Braz viu seu apoio despencar, conquistando apenas 8.151 votos, uma queda vertiginosa.
O Flamengo, que havia sido eliminado da Libertadores de forma precoce, ainda mantinha esperanças na Copa do Brasil, mas a incerteza era grande. A chegada do ex-jogador Filipe Luís como novo técnico reacendeu as expectativas da torcida. Filipe Luís, iniciando sua carreira como treinador profissional, assumiu o desafio de tentar salvar a temporada do clube. Contudo, a crise anterior havia deixado sua marca, e a torcida estava visivelmente insatisfeita com a gestão do futebol até aquele momento, o que prejudicou diretamente a campanha de Braz.
O episódio que mais pesou contra o dirigente, no entanto, foi a briga com um torcedor que resultou em uma mordida na virilha do rapaz. O torcedor questionava o desempenho do time, e Braz, em vez de agir com calma, reagiu de forma completamente desproporcional. Depois, tentou jogar a culpa no torcedor, o que só piorou a situação, já que vídeos do incidente circulavam nas redes sociais, desmascarando sua versão dos fatos. Para uma torcida que se identifica fortemente com o Flamengo e suas emoções, essa postura de Braz foi inaceitável.
Embora Braz tenha liderado o clube em um dos períodos mais vitoriosos da sua história, sua arrogância crescente e o distanciamento em relação à torcida foram o suficiente para destruir o capital político que havia construído. A “nação rubro-negra”, que já o apoiou massivamente, mostrou que não tolera esse tipo de comportamento, dentro ou fora das quatro linhas.
Cacau Cotta: Uma estreia política mal-sucedida
Diferente de Braz, que já tinha uma trajetória política, Cacau Cotta, vice-presidente de relações externas do Flamengo, estava fazendo sua estreia nas urnas. Mesmo assim, o resultado foi desastroso. Cotta obteve apenas 3.638 votos, um número muito abaixo das expectativas, o que evidenciou sua falta de experiência no cenário político.
Durante a campanha, Cotta tentou se posicionar como uma alternativa mais acessível e próxima dos torcedores, em contraste com a imagem de Braz. No entanto, sua proximidade com o público parecia algo novo e forçado, uma tentativa tardia de se apresentar como “o candidato do povo”. Nos bastidores, sua rivalidade com Marcos Braz — que já vinha do Flamengo — também atrapalhou. O duelo de egos entre os dois, com Cotta tentando se dissociar das polêmicas de Braz, não convenceu o eleitorado.
Além disso, Cotta falhou em criar uma identidade política própria. Sua campanha não apresentou propostas concretas ou soluções relevantes para os problemas da cidade, e ele acabou ofuscado por candidatos mais experientes e preparados. A tentativa de usar o Flamengo como trampolim eleitoral não funcionou, e a “nação rubro-negra” viu em Cotta alguém desconectado da realidade.
O Flamengo e seu peso nas urnas
O Flamengo, enquanto clube, tem uma imensa influência na vida carioca, e muitos candidatos tentam se associar ao time para garantir votos. Em 2020, Braz teve sucesso ao se aproveitar do grande momento do clube. Mas em 2024, o Flamengo já não era a mesma potência que conquistou a América. As expectativas da torcida estavam em baixa após a eliminação na Libertadores, e mesmo com a Copa do Brasil ainda em disputa, o clima era de incerteza.
A chegada de Filipe Luís como técnico trouxe um novo alento, mas também revelou o quanto o clube estava sendo gerido de forma errática. O elenco caro e talentoso não conseguia entregar os resultados esperados, e os torcedores já não confiavam cegamente em seus dirigentes. Para muitos, Marcos Braz e Cacau Cotta eram parte do problema, e essa insatisfação se refletiu nas urnas.
No entanto, a questão vai além do desempenho do Flamengo dentro de campo. A “nação rubro-negra” se conecta com o clube de forma emocional, mas nas eleições, os torcedores mostraram que querem mais do que títulos. A ligação entre futebol e política pode ajudar, mas o eleitor carioca espera de seus representantes ações concretas, proximidade e soluções para problemas reais da cidade. Braz e Cotta não conseguiram mostrar essa capacidade.
Conclusão
As eleições de 2024 no Rio de Janeiro deixaram claro que o prestígio no futebol não garante sucesso nas urnas. Marcos Braz e Cacau Cotta, dois dirigentes influentes no Flamengo, apostaram no nome do clube para garantir apoio popular, mas fracassaram em convencer os eleitores. A “nação rubro-negra”, que se identifica intensamente com o clube, mostrou que espera mais do que discursos vazios e promessas baseadas em títulos passados.
Marcos Braz, com sua postura arrogante e o escândalo envolvendo a mordida no torcedor, perdeu o respeito de uma torcida que antes o idolatrava. Já Cacau Cotta, estreante na política, não conseguiu romper o anonimato e mostrou que, sem propostas claras, o apoio dos torcedores não seria suficiente.
No fim, o que ficou claro é que, na política, assim como no futebol, é preciso mais do que apenas o nome de um gigante como o Flamengo para se destacar. O eleitor quer compromisso, transparência e, acima de tudo, liderança.