Flamengo negocia Gerson pela 2ª vez e movimenta mais de R$ 280 milhões entre compras e vendas
O meio-campista Gerson encerra mais um ciclo com a camisa do Flamengo, mas, diferente de muitos ídolos, o “Coringa” também deixa marca nos cofres rubro-negros. Entre idas e vindas, o volante foi negociado duas vezes nos últimos seis anos e gerou lucro que reforça a saúde financeira do clube em meio à reformulação do elenco.
Entre idas e vindas: a trajetória de Gerson pelo Flamengo
Revelado pelo Fluminense, Gerson construiu seu nome na Europa antes de ser comprado pelo Flamengo, em 2019. Após passagens por Roma e Fiorentina, chegou ao Ninho do Urubu por 11,8 milhões de euros — cerca de R$ 49,7 milhões na época. Sua contratação logo se pagou: foram 109 partidas, sete gols e oito títulos, incluindo Libertadores e Campeonato Brasileiro.
Em 2021, o Flamengo aproveitou o bom momento do jogador e o vendeu ao Olympique de Marseille por 20,5 milhões de euros (R$ 126 milhões na época). O retorno foi imediato, mas o volante enfrentou dificuldades na França e, após pouco mais de um ano, o Rubro-Negro o trouxe de volta. Em 2022, Gerson foi recomprado por 16 milhões de euros (R$ 92 milhões na época). Nesta segunda passagem, levantou mais quatro troféus e se tornou capitão de um elenco repleto de estrelas.
No entanto, o desgaste era natural. Em abril, depois de longa novela por valorização, Gerson renovou contrato até 2030, mas viu a multa rescisória cair de 200 milhões de euros (cerca de R$ 1,2 bilhão) para 25 milhões de euros (R$ 160 milhões). Essa redução abriu espaço para o Zenit, da Rússia, avançar com proposta vantajosa para o jogador e o Flamengo. O clube russo pagou à vista a multa e garantiu a transferência.

No balanço final, as negociações com Gerson significaram negócio lucrativo para o Flamengo. Somando compras e vendas, o clube gastou R$ 141,7 milhões e arrecadou R$ 286 milhões — saldo de R$ 144,3 milhões. Mesmo com 10% repassados à Roma na primeira venda, o lucro fica em R$ 131,7 milhões — valor expressivo junto ao retorno esportivo.
Como o time fica sem seu “Coringa”
A saída de Gerson é um desafio para Filipe Luís. O volante era um dos pilares, pela qualidade técnica e liderança. Em 2019, destacou-se como segundo homem de meio-campo, função que desempenhava dando dinâmica e intensidade. Nos últimos meses, atuou mais avançado, como meia pela direita, durante ausência de De La Cruz.
Agora, com De La Cruz de volta e Jorginho recém-chegado, o Flamengo tem alternativas para reorganizar o meio. A tendência é que Filipe Luís mantenha a formação com dois pontas, já que Luiz Araújo e Gonzalo Plata também estão à disposição. Assim, o time segue explorando jogadas pelos lados, com Arrascaeta como principal articulador.

Reforços pontuais e mercado em movimento
Apesar da saída de Gerson, o Flamengo não deve buscar substituto direto. A diretoria entende que, com Jorginho e De La Cruz, o setor está coberto. O foco é reforçar a criação ofensiva e as pontas. Carrascal, do Dínamo de Moskou, está próximo de um acerto para dividir a responsabilidade com Arrascaeta, permitindo rodar o elenco em uma temporada longa.
O mercado segue agitado. Na defesa, Wesley é alvo de Roma e Juventus, enquanto Léo Ortiz também desperta interesse da Velha Senhora. No ataque, Juninho recebeu propostas do Al-Riyadh e do Najma SC, ambas por empréstimo, o que pode render compensação financeira. Por outro lado, o Flamengo descarta liberar Arrascaeta, alvo do Cruz Azul. O uruguaio é peça insubstituível no esquema de Filipe Luís.

Com tantas movimentações, o Flamengo mostra que, mesmo sem um de seus capitães, mantém o planejamento sólido para seguir competitivo. Gerson sai, mas deixa títulos e um reforço de caixa que permite ao clube seguir mirando alto — dentro e fora de campo.