Flamengo bate o Vitória por 2 a 1, mas desperdiça muitas chances e mostra que precisa calibrar o pé para evitar sufocos futuros
O Flamengo conquistou a sua primeira vitória no Brasileirão, mas a forma como o triunfo veio, novamente, acendeu um alerta no clube. A vitória por 2 a 1 sobre a equipe do Vitória, neste domingo (6), pela segunda rodada do Campeonato Brasileiro, foi marcada por um enredo já conhecido em 2025: domínio territorial, inúmeras chances criadas e pouco aproveitamento na hora de concluir. O placar final veio com drama, e a eficiência — ou a falta dela — continua sendo um obstáculo no início desta temporada.
Com gols de Arrascaeta e Bruno Henrique, o Rubro-Negro carioca somou seus primeiros três pontos no torneio, chegou aos quatro e ocupa a sexta colocação. Já o Vitória, ainda sem pontuar, segue na lanterna da tabela. Apesar do resultado, o desempenho do Flamengo revela que o time precisa se reinventar ofensivamente para evitar riscos desnecessários.
Flamengo domina, mas sem eficácia
A atuação no Barradão foi mais um capítulo do mesmo roteiro. O Flamengo teve 59% de posse de bola, finalizou 14 vezes — sendo oito no alvo — e marcou dois gols. A estatística reforça o diagnóstico interno do clube: a equipe cria, mas não consegue transformar volume ofensivo e até mesmo chances claras em gols. O time precisa melhorar esse problema crônico para ser mais determinante no ataque.
Esse não foi um caso isolado. A baixa eficiência ofensiva já havia sido percebida na estreia pela Libertadores contra o Deportivo Táchira, e se repetiu agora no Campeonato Brasileiro. A impressão que fica é de um time que domina o adversário, encurrala, mas falha na última decisão. Isso tem tornado partidas que poderiam ser melhor controladas em confrontos decididos no detalhe, no desespero ou na sorte do talento individual de algum jogador do elenco rubro-negro.

Primeiro tempo de desperdícios
A etapa inicial no Barradão já havia dado o tom do que viria depois. Mesmo com o retorno de Gerson, Wesley e Arrascaeta entre os titulares, o Flamengo pecou nas finalizações. Juninho, referência no ataque, teve duas grandes chances: em uma, cara a cara com o goleiro, chutou para fora; na outra, parou no travessão.
Cebolinha, Gerson e até mesmo Wesley levaram perigo, mas o gol não saiu. O Flamengo teve 63% de posse de bola no primeiro tempo e apenas viu o Vitória finalizar uma vez — aos 35 minutos. O placar zerado ao fim da primeira etapa era injusto, mas consequência direta da ineficiência no ataque.
Arrascaeta volta com brilho
Uma das boas notícias para o Flamengo foi o retorno de Arrascaeta. O uruguaio, que se recuperava de lesão na coxa sofrida durante a última Data Fifa, iniciou entre os titulares e foi decisivo. Aos 16 minutos do segundo tempo, fez um gol de rara inteligência e execução técnica: roubou a bola, se desequilibrou, manteve o controle e finalizou de bico no canto — à la Romário.
A jogada não apenas mostrou o talento do camisa 10, mas também simbolizou o espírito de luta que o Flamengo precisa manter. Foi uma das últimas ações de Arrascaeta na partida, substituído logo em seguida para preservar o físico. Ainda assim, o meia mostrou que mesmo abaixo do ideal pode ser decisivo.

Vitória empata e escancara a fragilidade
Após abrir o placar, o Flamengo pareceu relaxar — e pagou por isso. O Vitória, até então inofensivo, aproveitou a queda de ritmo e empatou aos 31 minutos. Wellington Rato, que havia acabado de entrar, arriscou de fora da área, e contou com um desvio em Gerson para vencer Rossi.
O gol escancarou um problema recorrente: a falta de poder de decisão do Flamengo para “matar o jogo”. Deixar o adversário vivo até os minutos finais torna qualquer partida uma roleta russa — e contra equipes mais qualificadas, isso pode custar caro.
No fim, Bruno Henrique decide
Filipe Luís agiu rápido e colocou Bruno Henrique, Michael, Luiz Araújo e Plata, transformando o Flamengo em uma equipe com quatro atacantes. A ousadia foi premiada aos 41 minutos do segundo tempo: Michael acelerou pela esquerda, serviu Luiz Araújo, que cruzou na medida para Bruno Henrique completar. Gol da vitória, gol com dedo do técnico.

Mais do que a primeira vitória no Brasileirão, esse lance do segundo gol mostrou a força do time e a capacidade do treinador de mexer na equipe e buscar soluções. Ainda assim, fica a lição: o Flamengo tem elenco e repertório, mas precisa de mais efetividade para não depender sempre do talento individual nos minutos finais.
A equipe precisa transformar o controle em resultados concretos, domínio em gols e volume de jogo em vitórias seguras. O talento está lá, o elenco é qualificado, o técnico mostra ideias promissoras. Falta calibrar o pé. Porque, como diz o famoso ditado, “o futebol é uma caixinha de surpresas”, e a sorte nem sempre estará do mesmo lado.
O que vem pela frente
O Flamengo volta a campo na próxima quarta-feira (9), às 21h30, contra o Central Córdoba, da Argentina, pela segunda rodada da Libertadores. O duelo será no Maracanã, e a expectativa é de que a equipe mantenha a liderança do Grupo C e, principalmente, consiga vencer com mais tranquilidade.
No domingo seguinte (13), o Rubro-Negro encara o Grêmio, em Porto Alegre, pela terceira rodada do Brasileirão. Dois jogos seguidos, de perfis distintos, mas que exigem o mesmo objetivo: melhorar o aproveitamento ofensivo.