Empate diante do Ceará expõe queda de rendimento no segundo tempo, falhas defensivas e aumenta a pressão sobre Flamengo às vésperas de decisão contra o Galo.
Na noite deste domingo (3), o Flamengo desperdiçou a chance de se isolar na liderança do Campeonato Brasileiro ao empatar por 1 a 1 com o Ceará, no Castelão, pela 18ª rodada. Apesar de continuar na ponta da tabela com os mesmos 37 pontos do vice-líder Cruzeiro, o resultado ligou o sinal de alerta para a equipe de Filipe Luís, especialmente às vésperas do confronto decisivo contra o Atlético-MG pelas oitavas de final da Copa do Brasil.
A partida foi marcada por um desempenho de dois tempos distintos. No primeiro, o Rubro-Negro apresentou domínio territorial e controle da posse de bola, postura que garantiu a vantagem no placar com gol de Arrascaeta, após bela jogada que envolveu Léo Ortiz e Plata. No entanto, o rendimento despencou na etapa final, culminando no empate cedido em bola parada, com Pedro Raul aproveitando falha do goleiro Rossi.
Primeiro tempo promissor e domínio do Flamengo
A atuação inicial do Flamengo foi coerente com a identidade que Filipe Luís tenta implantar desde que assumiu o comando técnico: posse de bola, controle territorial e imposição ofensiva. Com Alex Sandro e Emerson Royal nas laterais, e Plata e Samuel Lino ganhando sequência no ataque, o time apresentou bom volume de jogo.
Logo aos oito minutos, Plata levou perigo em finalização da entrada da área. Bruno Henrique, pouco depois, desperdiçou grande chance dentro da área. Apesar das oportunidades perdidas, o gol veio aos 37 minutos, quando Léo Ortiz acertou um belo lançamento para Plata, que tocou de cabeça para o meio da área e deixou Arrascaeta em ótimas condições para marcar. O uruguaio ainda teve outra boa chance antes do intervalo, assim como Bruno Henrique, que finalizou por cima do gol.

Segundo tempo de queda brusca e falhas defensivas
O Flamengo retornou para a segunda etapa com Saúl na vaga de Arrascaeta, substituído após sentir um incômodo no posterior da coxa esquerda. A saída do camisa 10 refletiu diretamente no desempenho ofensivo da equipe. Sem criatividade e com um ritmo mais lento, o time viu o Ceará crescer no jogo.
Aos 10 minutos, Mugni acertou o travessão e, no rebote, Aylon exigiu boa defesa de Rossi. O Ceará passou a pressionar e, aos 21 minutos, chegou ao empate: escanteio cobrado por Mugni e cabeçada de Pedro Raul, livre de marcação, aproveitando a saída ruim do goleiro flamenguista.
A partir daí, o Flamengo não conseguiu mais se impor. Com dificuldade para furar a marcação cearense e criar chances claras, o time se limitou à posse de bola sem efetividade, enquanto o adversário ameaçava pelas pontas. A falta de intensidade, somada à desorganização defensiva, deixou claro que o Rubro-Negro terá que corrigir muitos aspectos se quiser avançar na Copa do Brasil.

Filipe Luís admite decepção e cobra reação
Na entrevista coletiva após a partida, o técnico Filipe Luís foi direto ao resumir o sentimento da equipe.
“Sentimento de decepção. Depois de ter feito um grande primeiro tempo, criado chance de gol e finalizado muitas vezes no gol do adversário. Mas no segundo tempo tivemos uma queda muito grande e, por um descuido nosso, na bola parada, sofremos o empate. Claro que o sentimento é de decepção. Não temos outro caminho senão trabalhar e continuar evoluindo” – comentou o treinador.

A declaração reflete o momento de instabilidade da equipe, que alterna boas atuações com exibições apagadas. O empate contra o Ceará é mais um capítulo da oscilação que o Flamengo vem enfrentando em 2025, especialmente após a disputa do Mundial de Clubes, competição que, embora não tenha sido vencida, alterou o ritmo e o foco do elenco rubro-negro.
Copa do Brasil vira “prioridade imediata”
Com o Brasileirão em aberto e a liderança ainda garantida — apesar da aproximação do Cruzeiro —, as atenções se voltam agora para a Copa do Brasil. Na próxima quarta-feira (6), o Flamengo encara o Atlético-MG, fora de casa, pelo jogo de volta das oitavas de final. Na ida, derrota por 1 a 0 no Maracanã.
Apesar de não ser a prioridade declarada da temporada, uma eliminação precoce pode agravar o ambiente no clube e pressionar ainda mais o trabalho de Filipe Luís, que vem enfrentando críticas pela falta de consistência da equipe. A baixa performance contra times que se defendem em bloco baixo, a morosidade no setor ofensivo e as falhas defensivas são pontos que precisam ser ajustados com urgência.