Flamengo mostra força coletiva, domina o clássico no Nilton Santos e entra confiante para o confronto direto com o Palmeiras; Arbitragem e desabafo de Boto e Arrascaeta marcam os bastidores da vitória.
O Flamengo voltou a exibir seu futebol dominante e deu um recado claro na luta pelo título do Campeonato Brasileiro. Em uma atuação segura e envolvente, o Rubro-Negro venceu o Botafogo por 3 a 0, no Estádio Nilton Santos, em clássico disputado na noite da última quarta-feira (15). A vitória — construída com gols de Pedro, Luiz Araújo e Plata — devolve a confiança ao elenco de Filipe Luís e reforça o clima de decisão às vésperas do duelo direto contra o Palmeiras, no próximo domingo, no Maracanã.
Foi um triunfo que começou a ser desenhado muito antes do apito inicial. Após a Data Fifa, o Flamengo precisava dar respostas dentro de campo, já que não vencia com consistência há quase um mês. O período de treinos serviu para ajustes importantes e, sobretudo, para confirmar o acerto do técnico Filipe Luís, que promoveu mudanças estratégicas na equipe.
O treinador apostou em Luiz Araújo na ponta direita, Samuel Lino pela esquerda e Pedro mais centralizado. No meio, Arrascaeta foi o maestro ao lado de Jorginho e Evertton Araújo, enquanto Emerson Royal voltou à lateral direita. A defesa manteve a base com Rossi, Léo Ortiz, Léo Pereira e Alex Sandro.
O resultado não poderia ser melhor. O trio formado por Arrascaeta, Luiz Araújo e Pedro — responsáveis pelas maiores participações em gols da temporada — foi decisivo mais uma vez:
- Arrascaeta: 19 gols e 14 assistências (1 assistência no clássico);
- Luiz Araújo: 12 gols e 8 assistências (1 gol contra o Botafogo);
- Pedro: 13 gols e 6 assistências (1 gol e 1 assistência no duelo).

Domínio e eficiência rubro-negra
O primeiro tempo teve momentos de equilíbrio, com o Botafogo tentando se impor diante de sua torcida. O Flamengo, no entanto, controlava as ações e demonstrava superioridade tática, mesmo diante de um adversário que marcava em bloco baixo. A paciência na troca de passes e a consistência defensiva foram determinantes para o controle do jogo.
O gol que abriu o placar surgiu no momento em que o Botafogo mais tentava crescer. Aos 39 minutos, Arrascaeta recebeu de costas, girou com elegância e encontrou Pedro livre na entrada da área. O camisa 9 dominou e finalizou com categoria no canto esquerdo de Léo Linck, abrindo caminho para a vitória.
No segundo tempo, o Flamengo manteve o controle e ampliou o domínio territorial. Filipe Luís promoveu a entrada de Cebolinha, que teve papel fundamental no segundo gol — antes de deixar o campo lesionado. Aos 24 minutos, o atacante arrancou pela esquerda, driblou o marcador e tocou para Pedro, que encontrou Luiz Araújo livre para finalizar com precisão e fazer o segundo gol do jogo.
Aos 34 minutos, o golpe final: Carrascal pressionou a saída de bola, recuperou a posse e cruzou na medida para Plata, que cabeceou para o fundo da rede e selou a goleada por 3 a 0 sobre o Botafogo no Nilton Santos.

CBF divulga áudio do VAR: arbitragem em xeque
Apesar da vitória convincente, o clássico não passou ileso às polêmicas. O Flamengo saiu de campo irritado com a arbitragem de Alex Gomes Stefano e com o VAR, comandado por Rodolpho Toski Marques. O lance mais contestado ocorreu ainda no primeiro tempo, quando Luiz Araújo foi pisado por Allan dentro da área. Após revisão, o VAR considerou o contato “insignificante” e manteve a decisão de campo.
O diálogo revelado pela CBF mostra a interpretação dos árbitros:
ÁRBITRO: “…nada, pode jogar”
VAR: “…melhor parar, Alex. Checando possível penal”
AVAR: “Jogador do Flamengo toca a bola e o jogador do Botafogo apenas pisa no pé dele”
VAR: “Quero ver esse contato. Para no ponto de contato. Vê se está dentro da área. Quero ver como foi esse contato”
ÁRBITRO: “…contato normal de jogo, cara. Teve uma disputa lateral e uma entrada por baixo e que não foi nada faltoso para mim”.
ÁRBITRO: “…analisa onde a bola foi, se era posse dele ou da defesa”.
VAR: “Eu vejo um contato muito leve, não vejo um pisão claro. Ele toca a bola e não tinha nem possibilidade mais de jogar esse atacante. Foi impactado pela continuidade da jogada, correto?”
VAR: “Tudo checado, pode seguir. Tem um contato leve que não impacta não ação da sequência da jogada. Não tinha nem possibilidade de pegar a bola mais à frente. É um contato insignificante de jogo”.
Desabafo Rubro-Negro
O episódio gerou forte reação no clube. José Boto, diretor de futebol do Flamengo, cobrou explicações públicas:
— Vir aqui sempre que acaba o jogo falar de arbitragem parece estar sempre fazendo queixinhas. Mas realmente o que acontece aqui é até quando vamos ver coisas como hoje. Um pênalti claríssimo sobre o Luiz Araújo. O árbitro pode não ter visto, mas o VAR não fez nada, não chamou. Não vou me calar enquanto o Flamengo é prejudicado dessa forma. O resultado depois foi bom, mas poderia não ter sido por conta de um pênalti claríssimo. Depois há uma entrada no Emerson Royal que é passível de chamada do VAR para dar vermelho e não chama. Até quando isso vai acontecer? Até quando alguém não vai nos explicar o que se passa? Até quando? — disse o dirigente.

Arrascaeta também reclamou nas redes sociais
Nas redes sociais, o capitão Giorgian De Arrascaeta também se manifestou após o jogo. Sem citar diretamente a arbitragem, o uruguaio fez um desabafo sobre o momento do futebol nacional:
— “Que momento passa o futebol brasileiro. Os jogadores estão deixando de ser os protagonistas” — escreveu o meia no X (antigo Twitter).
A declaração reflete o sentimento interno de um elenco que, mesmo com a vitória expressiva, sente-se prejudicado pela inconsistência da arbitragem no campeonato.
Confiança às vésperas da “final” contra o Palmeiras
Com o resultado, o Flamengo se mantém firme na briga pelo título brasileiro e, mais importante, ganha moral para enfrentar o Palmeiras, principal concorrente na tabela. A goleada sobre o Botafogo não apenas reforça o poder ofensivo do time, como também mostra que Filipe Luís começa a imprimir sua identidade: um Flamengo coletivo, competitivo e eficiente.
O clássico foi mais do que uma vitória. Foi uma demonstração de força e um aviso ao rival alviverde de que o Rubro-Negro chega embalado, confiante e pronto para mais uma “final” na caminhada pelo topo do Brasileirão.


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