Com estratégia impecável do treinador e atuação decisiva de ídolo, Flamengo atropela o Chelsea, faz história no Mundial de Clubes e carimba vaga nas oitavas
O que se viu na tarde da última sexta-feira, no Lincoln Financial Field, na Filadélfia, foi mais do que uma vitória. Foi uma verdadeira aula de futebol. Com um plano tático impecável de Filipe Luís e a estrela de Bruno Henrique, que decidiu mais uma vez em jogo grande, o Flamengo venceu o Chelsea por 3 a 1, de virada, e carimbou sua vaga antecipada nas oitavas de final da Copa do Mundo de Clubes da Fifa.
Filipe Luís: convicção, coragem e aula tática
Desde a coletiva pré-jogo, Filipe Luís deixou claro que não abriria mão do seu modelo de jogo, independentemente do tamanho do adversário. E cumpriu. “Não vamos mudar nossa forma de jogar”, afirmou o técnico, que desenhou um Flamengo agressivo, com marcação alta, posse de bola e pressão constante.
Mesmo após sair atrás no placar, num erro individual de Wesley que resultou no gol de Pedro Neto, o treinador não se desesperou, não cedeu à tentação de fechar a casa e manteve a proposta. O primeiro tempo já mostrava um Flamengo superior, com 53% de posse de bola e mais volume de jogo que o Chelsea, embora o placar parcial não refletisse.

A grande virada do segundo tempo não foi obra do acaso. Foi fruto direto das escolhas de Filipe Luís, tanto na estratégia quanto nas alterações. A entrada de Bruno Henrique, por exemplo, mudou completamente a dinâmica da partida. Além disso, foi dele a decisão de sacar Arrascaeta, algo que poucos imaginariam, para ajustar a recomposição e ganhar mais força física no meio.
Resultado? O Flamengo simplesmente atropelou o Chelsea na etapa final, com 14 finalizações no total, sete chances claras e um domínio técnico e físico absoluto. Uma atuação que colocou os ingleses na roda, tanto no campo quanto nas arquibancadas, embaladas pelos gritos de “olé” dos mais de 54 mil torcedores presentes – a maioria esmagadora de rubro-negros.

Bruno Henrique: o nome do jogo, o dono da virada
Se Filipe Luís desenhou a vitória, Bruno Henrique executou com maestria. E mais uma vez, como tantas outras vezes nos momentos decisivos com a camisa rubro-negra, foi ele quem incendiou o jogo. O atacante entrou no segundo tempo, no momento em que o Flamengo precisava ser letal, e foi exatamente isso que ele entregou.
Primeiro, aos 16 minutos, apareceu na segunda trave, livre, para empatar. A explosão nas arquibancadas foi imediata, assim como a mudança de clima em campo. O Chelsea, que já dava sinais de desgaste, sucumbiu de vez.

Logo em seguida, Bruno Henrique brigou no alto, venceu a disputa de cabeça e ajeitou para Danilo, que virou o jogo. Em três minutos, o Flamengo reescreveu a história da partida.
“Eu vi que a torcida veio com a gente. O Chelsea estava um pouco abaixo, começamos a pressionar mais. Achei que era o momento de trazer a torcida para perto da gente. A bola veio no alto, consegui disputar de cabeça e dar o passe para o Danilo fazer o gol”, disse o atacante, eleito o melhor em campo.

Domínio total e vitória histórica
Com a vantagem no placar, o Flamengo não recuou. Continuou jogando no campo do Chelsea, criou outras boas chances e consolidou uma vitória que entrou para a história.
O gol que sacramentou o 3 a 1 veio aos 37 minutos, com Wallace Yan, após uma jogada que começou em mais uma arrancada de Plata. O jovem aproveitou a sobra e, com frieza, deslocou o goleiro para fechar o placar.
Mais do que uma vitória, o resultado foi simbólico. Foi a maior vitória de um clube brasileiro contra um europeu no século 21 em jogos oficiais, superando os 1 a 0 históricos de São Paulo (2005), Internacional (2006) e Corinthians (2012). Além disso, foi a primeira vez que um brasileiro virou um jogo contra um europeu no Mundial da Fifa.

O Flamengo manda um recado
O recado está dado. Este Flamengo não teme camisa, história e muito menos orçamento europeu. Com uma ideia de jogo bem definida, coragem para enfrentar qualquer adversário e jogadores que decidem em momentos grandes, como Bruno Henrique, o Rubro-Negro mostra que não está nos Estados Unidos a passeio.
O próximo compromisso será na terça-feira, contra o Los Angeles FC, em Orlando. Com a classificação já garantida, a tendência é que Filipe Luís utilize uma equipe mista, pensando na fase de mata-mata. Mas uma coisa ficou clara após a atuação histórica contra o Chelsea: o Flamengo entrou no Mundial para ser protagonista. E quem quiser tirar o título das mãos do Rubro-Negro, vai ter que suar — e muito.