Flamengo mostra poder de reação, mas desorganização coletiva pesa mais uma vez. Com nova goleada sofrida diante do Palmeiras, treinador é alvo de protestos nas arquibancadas e levanta dúvidas sobre continuidade no cargo.

Pela quinta rodada do Campeonato Brasileiro Feminino, o Flamengo foi goleado pelo Palmeiras por 5 a 2, na noite desta terça-feira (15), no Estádio Luso-Brasileiro, no Rio de Janeiro. Apesar dos gols de Cristiane e Núbia, que chegaram a empatar a partida no segundo tempo, a equipe das Meninas da Gávea voltaram a mostrar fragilidades táticas e terminou o confronto ouvindo vaias e gritos de protesto da torcida contra o técnico Maurício Salgado.

Com a derrota, o Flamengo estaciona nos sete pontos e ocupa a oitava colocação, enquanto o Palmeiras chega aos 11 e assume a terceira posição na competição. Este foi o sétimo confronto entre as equipes no Brasileirão, e a sétima vitória consecutiva do time alviverde — um histórico que acende ainda mais o sinal de alerta na Gávea.

Início avassalador do Palmeiras

O Palmeiras dominou o primeiro tempo desde os minutos iniciais. Mesmo fora de casa, a equipe paulista mostrou superioridade física e organização tática. Logo aos nove minutos, Greicy Landazury cruzou da direita, Amanda Gutierres deixou a bola passar, e Laís Estevam completou para o fundo das redes. Aos 26, após outra jogada pela ponta, a camisa 26 apareceu novamente, desta vez de cabeça, ampliando a vantagem: 2 a 0.

O Flamengo, desorganizado e com muitas dificuldades na marcação pelos lados, demorou a se encontrar na partida. Cristiane, sempre ela, apareceu como válvula de escape para a reação. Aos 30 minutos, a camisa 11 marcou um golaço de pé esquerdo após cruzamento de Fernanda, mostrando sua habitual qualidade técnica e recolocando as Meninas da Gávea no jogo.

Reação interrompida

Na volta do intervalo, o Flamengo voltou melhor e teve mais volume de jogo. O empate veio aos 18 minutos, após cobrança de falta de Jucinara: Núbia subiu mais alto que a marcação e cabeceou com força, fazendo o 2 a 2. O bom momento, no entanto, durou pouco.

O Palmeiras se reorganizou rapidamente e, oito minutos depois, voltou a liderar o placar. Amanda Gutierres aproveitou rebote na área e bateu forte para marcar o terceiro. Na sequência, a equipe alviverde ainda balançou as redes mais duas vezes, com Ingryd Lima e Soll, aproveitando espaços deixados pelo Flamengo na defesa.

Torcida protesta e Salgado vira alvo

Ao apito final, parte da torcida rubro-negra presente no Luso-Brasileiro se voltou contra o treinador Maurício Salgado. Os gritos de “fora” foram acompanhados por xingamentos, evidenciando a insatisfação com o trabalho do comandante. A goleada sofrida em casa, somada ao retrospecto negativo contra o Palmeiras, amplia o desgaste entre técnico e arquibancada.

Não é de hoje que as atuações do Flamengo vêm gerando dúvidas. Mesmo com nomes experientes como Cristiane, a equipe tem enfrentado dificuldades para manter constância nas partidas e apresenta falhas recorrentes na recomposição defensiva e na compactação do meio-campo. Contra equipes com proposta de jogo mais agressiva, como o Palmeiras, essas fragilidades ficam ainda mais evidentes.

Além disso, a ausência de variações táticas e a demora nas substituições, jogadoras não relacionadas que também têm sido motivo de críticas da parte da torcia. O Flamengo chegou a esboçar reação, mas voltou a ceder o controle do jogo com facilidade, algo que tem se repetido desde o início da temporada.

Próximos passos

Agora, as Meninas da Gávea voltam a campo na próxima rodada para enfrentar o Red Bull Bragantino, fora de casa. A partida será um teste importante para o elenco, que precisa dar uma resposta dentro de campo. Para o técnico Maurício Salgado, o duelo pode representar mais do que três pontos: será também uma oportunidade de tentar recuperar a confiança da torcida, se é que ainda há tempo para isso.

Com um elenco recheado de talentos e tradição no futebol feminino, o Flamengo precisa urgentemente de soluções. E elas passam por mudanças, táticas, comportamentais e, talvez, na comissão técnica.