Sequência ruim do Flamengo, com apenas uma vitória nos últimos 5 jogos, expõe falhas no planejamento e faz time perder a liderança para o Palmeiras. Torcida picha o muro da Gávea.
O Flamengo deixou escapar a liderança do Campeonato Brasileiro ao perder por 1 a 0 para o Bahia, neste domingo (5), na Arena Fonte Nova. Em um jogo marcado por expulsões e erros decisivos, o Rubro-Negro mostrou fragilidade emocional e tática em um momento crucial da temporada. A derrota, a terceira do time na competição, interrompeu a consistência que vinha sendo construída sob o comando de Filipe Luís e expôs lacunas no elenco, especialmente na defesa.
Expulsão muda o rumo da partida
A partida começou equilibrada, com o Flamengo mantendo a posse de bola e ocupando o campo de ataque. Filipe Luís promoveu cinco mudanças no time titular: Emerson Royal, Danilo, Ayrton Lucas, De la Cruz e Pedro iniciaram o confronto. O Bahia, por sua vez, adotou postura cautelosa, com os dez jogadores de linha atrás do meio-campo. O cenário, no entanto, mudou completamente aos 12 minutos do primeiro tempo, quando Danilo foi expulso após atingir Tiago em lance imprudente.

Com um jogador a menos, o técnico rubro-negro foi obrigado a reorganizar a equipe. Pedro deixou o campo para a entrada do zagueiro Cleiton, que substituiu o suspenso Léo Pereira. A partir dali, o Flamengo passou a adotar uma postura mais defensiva, com Samuel Lino recuando para ajudar uma linha de cinco na defesa, De la Cruz fechando o meio e Arrascaeta sendo deslocado para o setor de armação.
Mesmo em desvantagem numérica, o Flamengo criou as melhores oportunidades do primeiro tempo. Arrascaeta foi o principal articulador, construindo duas chances claras: aos 38 minutos, lançou Carrascal, que foi desarmado dentro da área; e aos 42, deu belo passe para Lino, que desperdiçou frente a frente com o goleiro Ronaldo. A ineficiência nas finalizações custou caro. Aos 44, Cleiton errou na marcação, a bola sobrou para Willian José, que bateu cruzado e abriu o placar para o Bahia.
Tentativa de reação e nova expulsão
Na segunda etapa, o treinador tentou equilibrar o jogo com as entradas de Luiz Araújo, Plata e Bruno Henrique, apostando na velocidade para buscar o empate. Apesar do esforço, a inferioridade numérica e os sucessivos erros individuais — de Cleiton, Ayrton Lucas e Jorginho — dificultaram a transição ofensiva. A situação piorou aos 32 minutos, quando Wallace Yan foi expulso após levar dois cartões amarelos em apenas dez minutos. O jovem volante demonstrou descontrole emocional, sendo advertido primeiro por reclamação e depois por uma falta em Gilberto.
Mesmo com nove jogadores, o Flamengo ainda quase empatou no fim. Aos 42 minutos, Luiz Araújo cruzou na área e Léo Ortiz desviou, mas o goleiro Ronaldo fez grande defesa. O placar final refletiu a falta de eficiência e de concentração da equipe carioca.
Falhas de planejamento
A derrota escancarou uma falha no planejamento do Flamengo, sobretudo na montagem do elenco. A saída de Pedro para a entrada de Cleiton mostrou o quanto o time depende de seus titulares. O zagueiro, que não atuava desde julho, falhou no lance do gol e teve dificuldades na recomposição. Na temporada, o defensor de 22 anos disputou apenas sete partidas, sendo cinco no Campeonato Carioca. A pouca minutagem evidencia a falta de confiança da comissão técnica no jogador.
Em entrevista anterior, Filipe Luís já havia explicado sua resistência em utilizar jovens na defesa:
“Acredito que a zaga é um lugar delicado. Não gosto de mexer na última linha, tento mexer o menos possível. […] Acredito que sempre na zaga é uma situação mais delicada.”
Com o calendário apertado e o elenco desgastado, o treinador terá de buscar alternativas durante a pausa para a Data Fifa, antes do confronto contra o Botafogo, no próximo dia 15, no Nilton Santos, e o duelo direto pela liderança contra o Palmeiras, no dia 19, no Maracanã.

Pressão cresce com protesto na Gávea
Além do resultado negativo, o ambiente no clube também foi afetado por protestos na Gávea. Na madrugada de domingo, um dos muros da sede foi pichado com a frase: “$. Lino peladeiro”. A crítica fazia referência à má fase de Samuel Lino, autor de boas atuações no início da temporada, mas em queda nas últimas rodadas. A letra “S” foi substituída por um cifrão, aludindo ao valor de R$ 143 milhões investidos pelo Flamengo na contratação do atacante junto ao Atlético de Madrid.
Lino, que perdeu a melhor chance do primeiro tempo contra o Bahia, foi defendido por Filipe Luís após o jogo:
“Difícil julgar o jogo de um jogador com um a menos desde os 15 minutos. Ele teve que ajudar muito na marcação. Às vezes, a linha é muito fina entre fazer o gol e não fazer. Confio muito nele, sabemos o talento e o quanto ele se esforça.”

Desafio mental e reação necessária
Com dois gols e quatro assistências em 16 jogos, Samuel Lino vive um momento de oscilação, assim como o próprio Flamengo. A equipe, que chegou a liderar o Brasileirão com folga, agora precisa recuperar o equilíbrio e a força mental para reagir. A pausa no calendário será essencial para ajustes táticos e psicológicos.
O revés em Salvador não apenas custou a liderança, mas também acendeu um alerta sobre a profundidade e o planejamento do elenco rubro-negro. Com jogos decisivos à frente, o Flamengo terá pouco tempo para corrigir os erros que, mais uma vez, comprometeram o desempenho de um dos times mais fortes do país.

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