Entre títulos e uma lesão grave, Bruno Henrique reafirma sua importância no Flamengo e assume papel ainda mais decisivo no elenco.
Desde sua chegada ao Flamengo em 2019, Bruno Henrique se consolidou como um dos maiores ídolos da história do clube. Com 14 títulos conquistados, o atacante se tornou um dos jogadores mais vitoriosos, ao lado de Arrascaeta. A saída de figuras importantes do elenco, como Gabigol, David Luiz e Fabrício Bruno, simbolizou um novo ciclo para o clube, mas Bruno Henrique segue sendo uma peça fundamental nessa reformulação conduzida pelo novo diretor de futebol, José Boto.
Liderança e o papel no vestiário
Com a saída de Diego Ribas e a ascensão de Gerson como capitão, Bruno Henrique se tornou uma liderança discreta, mas extremamente influente no elenco.
“Nós vamos aprendendo por onde passamos. Tem uns capitães que falam bem e conseguem transmitir essa energia para o elenco. Acabei sempre vendo cada um me colocar onde eu poderia ajudar de alguma forma, então isso me fez crescer dentro do clube”, destacou.

Apesar de sua personalidade reservada, sua presença no vestiário é marcante. Ele se tornou um dos jogadores mais respeitados do elenco, ajudando os mais jovens e transmitindo confiança ao grupo.
“Eu sou o capitão que fala um pouco menos. O pessoal diz que, quando falo, digo palavras certeiras e que mexem muito com o time e quem está no vestiário. Esse é o meu ponto positivo como capitão. Sempre dou incentivo a todos os jogadores nos lances, em posicionamento. Isso ajuda, não só os capitães, mas os outros também. Tem lideranças que não são vistas como capitães porque nós estamos com a faixa, mas são muito importantes também”, explicou o atacante.
Superação
A trajetória de Bruno Henrique também é marcada por momentos de superação. Em 2022, ele sofreu uma grave lesão multiligamentar no joelho direito, que o afastou dos gramados por quase um ano. A incerteza sobre sua recuperação foi grande, mas o atacante encontrou no trabalho psicológico uma ferramenta essencial para voltar ainda mais forte.
“Antes da lesão eu já fazia esse trabalho com psicólogo e depois foi algo que passei a fazer mais. Foi uma lesão séria, ouvi muitas besteiras nas redes sociais, na televisão, pessoas falando que não voltaria a ser como era antes. Claro que eu não voltei como era antes, mas hoje também exerço uma nova função no meu time como centroavante.” revelou.

Com essa mudança, Bruno Henrique passou a atuar de maneira diferente em campo, aproveitando toda sua capacidade e experiência para continuar sendo uma referência no ataque rubro-negro.
“Esse trabalho com a psicóloga me fez refletir em vários pontos da minha vida. Fico super feliz com o que fiz fora de campo, ela me deu esse gás para voltar melhor e bem. Mostrar para todo mundo que falou tantas besteiras sobre mim, sobre a minha lesão, que nós que vivemos no futebol conseguimos nos reinventar. Esse trabalho psicológico para mim foi muito importante”
A gestão do Flamengo também adotou a psicologia como parte fixa da comissão técnica, o que tem ajudado atletas a lidarem com a pressão do futebol de alto rendimento.
Novo capítulo em 2025
A histórica temporada de 2019 segue como um marco na trajetória do camisa 27. Sob o comando de Jorge Jesus, ele e Gabigol formaram uma dupla imbatível, levando o Flamengo às conquistas da Libertadores e do Campeonato Brasileiro.
No entanto, os tempos mudaram, e o atacante precisou se adaptar a uma nova realidade sem seu antigo parceiro de ataque. Em entrevista ao UOL, Bruno Henrique revelou que, apesar do sucesso compartilhado, ele e Gabigol não mantêm mais contato frequente desde a transferência do ex-camisa 99 para o Cruzeiro.
“Não temos mais aquele contato fora de campo, mas nos encontramos rapidamente na pré-temporada em Orlando. Batemos um papo rápido, e ele me disse que está feliz no Cruzeiro. Futebol é assim, cada um segue seu caminho, e desejo toda a sorte para ele”, afirmou Bruno Henrique.

A saída de Gabigol impulsionou Bruno Henrique a assumir um protagonismo ainda maior no Flamengo, onde mesmo quando não utiliza a faixa de capitão, ele é considerado um dos líderes do elenco, com a missão de passar toda sua experiência dentro do clube para os outros jogadores.
Na Supercopa do Brasil de 2025, por exemplo, Bruno brilhou com dois gols decisivos e reafirmou sua importância nos clássicos cariocas. De quebra, no último confronto contra o Vasco, ele igualou a marca de 20 gols em clássicos que antes pertencia justamente a Gabigol.
O sonho do Mundial de Clubes
Mesmo com uma carreira repleta de conquistas, Bruno Henrique ainda tem um grande objetivo a ser alcançado: o Mundial de Clubes.
“Como todos os flamenguistas, tem o sonho do Mundial. Sabemos que é um pouco difícil, mas não custa nada sonhar. Eu sou um cara que todos os dias tenho objetivos comigo. Não posso falar quais, mas sonho todos os dias em melhorar, dar meu melhor para o clube. Sempre que eu vestir essa camisa, eu vou priorizar dar o meu melhor e ajudar o clube sempre.” garantiu

Parar agora não é uma opção
Sem pensar em aposentadoria, o atacante segue inspirado por jogadores veteranos que continuam em alto nível, como Hulk, do Atlético-MG.
“Não penso em aposentadoria agora. Estamos vendo vários jogadores com idades acima da minha desempenhando um bom futebol. O Hulk é prova disso. Um cara de 37 anos, que se cuida e hoje é o melhor jogador do Brasil. Vai muito de se cuidar. Assim conseguimos jogar por várias outras temporadas. Então penso assim, em não parar agora.” afirmou
Com protagonismo dentro de campo, uma liderança silenciosa, mas impactante, e uma história de superação, Bruno Henrique segue firme no Flamengo, se adaptando aos novos desafios e consolidando seu legado como um dos maiores ídolos da história do clube rubro-negro.