Mesmo com o resultado, os dois se desentenderam no vestiário. Veja as retratações de Pedro, Sampaoli e do preparador
O Flamengo venceu o Atlético-MG ontem, na Arena Independência, pelo placar de 2 a 1, em partida válida pela 17ª rodada do Campeonato Brasileiro. Com a vitória de virada, com gols de Arrascaeta (34’/2°T) e Wesley (41’/2°T), o Flamengo vai para a vice colocação do Brasileirão, atrás apenas do Botafogo. No entanto, o Grêmio, terceiro colocado, possui dois jogos e menos, e dois pontos de diferença para o Flamengo.
A agressão
Entretanto, mesmo com a vitória, a partida ficou marcada pelo pós-jogo, momento no qual Pedro e o preparador físico Pablo Fernández discutiram e o membro da comissão técnica de Sampaoli agrediu o camisa 9 rubro-negro. O atacante se manifestou nas redes sociais, repudiando a atitude do preparador e apontando a falta de minutos em campo.
“Poderia estar aqui falando dos escassos minutos recebidos nos últimos jogos, mas o que aconteceu hoje foi mais grave do que pode acontecer dentro das quatro linhas. Covardemente, sem motivo e inexplicavelmente, fui agredido, com um soco no rosto, por Pablo Fernandez, membro da comissão técnica do Sampaoli.
A covardia física se sobrepôs diante da covardia psicológica que tenho sofrido nas últimas semanas.
Alguém que se acha no direito de agredir o outro não merece respeito de ninguém. Já passei por muitas provações aqui no Flamengo, mas nada se compara com a covardia sofrida hoje.
Que Deus perdoe uma pessoa que, em pleno 2023, acha que uma agressão física possa resolver qualquer problema. Obrigado JESUS pelo ensinamento, dando a outra face.
Pai e mãe, obrigado pela educação que me deram”
A briga aconteceu após as primeiras substituições de Sampaoli, que promoveram as entradas de Luiz Araújo e Éverton Cebolinha. Na ocasião, Pedro teria se irritado com a decisão do treinador e sentou no banco de reservas. Para Pablo, a atitude foi desrespeitosa, pois Pedro ignorou seu chamado para o aquecimento. Entretanto, o estopim da briga foi após o jogo. Depois do apito final, Pablo cobrou respeito do camisa 9, que retrucou, falando sobre a falta de respeito da comissão técnica com ele, minando sua performance. Foi depois dessa fala que a agressão ocorreu.
O acontecimento gerou revolta por parte dos jogadores, que se posicionaram ao lado de Pedro, confirmando que não treinarão até o preparador ser demitido. Após o ocorrido, levaram Pablo para uma delegacia de Belo Horizonte. Pablo possui anos de trabalho junto à Jorge Sampaoli. Entretanto, após a briga, é difícil imaginar um cenário no qual Pablo continue no Flamengo. O próprio treinador do Flamengo se retratou nas redes sociais.
“Não acredito na violência como solução. Isso não nos leva a lugar nenhum. Nem na vida, nem no futebol. Ao longo da minha carreira, vi tantas lutas e elas sempre me deixaram com uma sensação de vazio. O que aconteceu ontem me deixou muito triste. Ofuscamos uma vitória impressionante com uma disputa interna cujas razões existem, mas neste momento não importam.
A história me mostrou que a única solução é a conversa. Mesmo quando errei ou vi o erro dos outros.
Eu tenho fé na palavra. Que é uma forma de ter fé no ser humano. Porque a violência nos separa e a conversa nos une.
Quando eu era criança e comecei a jogar futebol, as brigas dentro e fora do campo eram muito comuns.
Assim como muitas coisas no mundo mudaram para pior, algumas mudaram para melhor. A violência é menos aceita a cada dia como forma de resolver as coisas. E uma transformação que levará tempo. Não será de um dia para o outro. Todos nós temos o direito de cometer erros. Porque temos a possibilidade de nos transformarmos. Para ser melhor.
Eu sou o condutor desta equipe. Me dói muito quando dois colegas de trabalho brigam. Mais do que a violência. Os treinadores não se dedicam apenas à tática e à preparação dos futebolistas. Acima de tudo, trabalhamos para gerir grupos. Tentamos melhorar e cuidar das pessoas.
Não tenho dormido pensando em como ajudar Pedro e
Pablo. Sei que vocês dois tiveram uma noite horrível. E que, aconteça o que acontecer, temos a obrigação de nos cuidar. Para nos mudar. Para unir. Para ser melhor.
E colocar o Flamengo no topo”
No entanto, mesmo com a gravidade da situação, Pablo Fernández também divulgou uma nota oficial, na qual reforça um suposto comprometimento em tentar melhorar.
“Única maneira é pedir desculpas ao Pedro, colegas e Flamengo. Entrei no vestiário muito chateado, querendo resolver a situação e fiz errado. Gostaria de voltar no tempo, mas não pode. Lamento e gostaria de corrigir, vou trabalhar para mudar e ser melhor”, conclui Pablo.
Mesmo com as polêmicas, o Flamengo agora deve se preparar para o confronto contra o Olimpia, na próxima quinta-feira (3) válido pela ida das oitavas de final da Libertadores, no Maracanã. A maior dificuldade será manter o elenco minimamente unido após a briga para obter um bom desempenho nessa partida decisiva para o Flamengo.